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segunda-feira, 9 de março de 2009

Uma desculpa para não ir à Feira Tom Jobim , ontem à tarde: descobrindo Federico Garcia Lorca no You Tube...






Mas uma boda, o que é ?
É uma cama deslumbrante,
um homem e uma mulher,
e nada mais"
( Lorca - Bodas de Sangue)




Não, não foi a ameaça de chuva.
Até mesmo porque, ( como dizem sempre

em Brasília entre uma corrupçao e outra, quase sempre uma verborrágica verba

desviada de crianças famintas aguardando o único e saudável alimento a
que recorrem, a merenda escolar pública ... desculpem-me,... mas ando um

bocado invocado com a turminha que nos rouba democraticamente,
diáriamente, diuturnamente, quer dizer, de todos,
e já, já, vou voltar a fazer charges-porradas didáticas...! ),
agora que ando de boné preto
(para disfarçar as cãs? ô lingua!)
sinto-me protegido de todas as intempéries .
Que podem ser de variadas climatologias e eras tectônicas,
nesse tempo em que clonam de uma só vez
Renan da Mônica do Playboy,
Temer mão-leve,
Sarney (nosso elo perdido do paleozóico)
e agora, pasmem, senhoras e senhores,
tirem as criancinhas da sala,
qual Fênix de chanchada, o melífluo Collor de Melo.
De quem se pode esperar
pelo menos tres medidas imediatas:
concurso público (só serve alagoano)
para escolha de um novo PC Farias , nível XIII,
(exige-se nível superior, com pós-graduação na Máfia de Salerno),
elevaçao do preço da cocaina em Brasília e adjacências,
e convênio com a Ong PCC Já, de Fernandim Beira Mar,
para distribuição da Bolsa-Crack, que governo bom é isso aí.

Mas eu dizia que o boné pode me proteger até de uma nevasca que
transformasse a ladeira do Mangabeiras numa verdadeira Aspen.
Mas não foi isso, não, apesar da compulsão irrefreável de ir tomar uma
gonçalinha com o Luiz, gargalhar com a Rosana, desenhar com a Manu e
seus olhinhos de pura esmeralda, caindo em tentação e mergulhar num
capeletti do Pelusinho, sem antes deixar de passar na tenda indiana e
pegar uma samossa só para ganhar o brinde do temperim que só ela
(vegetariana, mas ninguém é perfeito) sabe fazer, escutando um
chorinho com os olhos umedecidos de prazer no meio da tarde.

Perdoem-me todos, mas falhei na presença por causa de Poesia.
Andaram postando no You Tube uns vídeos que não conhecia
sobre meu poeta de cabeceira, mesa e banheiro,
o granadino Federico (sem erre, faz favor) Garcia Lorca.

Quando assistí esta semana o belíssimo filme Milk, não

pude deixar de pensar no destino trágico desse grande poeta,
que foi assassinado em 1936 pelos fascistas de Granada
não somente porque era um apoiador da República
que sacudia a nação do torpor medieval e místico
(Santiago de Campostela é boa pra conta corrente do Paulo
Coelho, mas é simbolo de uma epoca de atraso e preconceitos mil),
mas principalmente porque era gay.

A Espanha de 36 devia ser como o Irã atual do Armadnejah:
sem gays, por definição, religião e decreto.
Quarenta e dois anos antes que Harvey Milk
( e o prefeito Mascone, também assassinado pelo mesmo ex-vereador psicopata),
o primeiro gay eleito para um cargo público
no nosso ex-grande Irmão do Norte fosse assassinado,
já se fuzilavam gays na España católica , apostólica e fascista.

Federico Garcia Lorca (1898-1936) não é apenas o maior poeta espanhol
de todos os tempos. Aluno de Manuel de Falla, outro gay espanhol de
imenso talento, foi compositor, pianista, desenhista expressivo,
dramaturgo que renovou o palco do mundo, cantor do avanço e dos
recônditos da alma, Federico foi fuzilado em agosto de 1936 , em local
ignorado até hoje, nos arredores de sua Granada de alhambras, em
companhia de outros republicanos, entre eles, é sabido, um professor
primário. Recentemente foram localizados alguns indícios que aguardam
a autorizaçao da família para o exame de DNA.

Devo a ele a descoberta do encanto da poesia,
até então tratada como castigo pelos meus professores de lingua pátria,
na base do decora- e -faça -uma -análise

léxica-sintática-ou-racha, senão lá vem bomba e muita surra em casa.
Lí-o a primeira vez aos quatorze anos graças ao pai do meu amigo Valdimir
Diniz, também futuro poeta e precocemente abatido numa estúpida
contramão na trincheira de Brasília por um bêbado tresloucado.
Foi na casa de Dr. Bráulio Diniz, ex-comunista,
enxadrista e homem de wit, de espírito, que descobrí que

as casas podem ser também bibliotecas.
Uma única estante com livros.preciosos que nós,
eu e Sílvio, meu irmão, íamos gradual e
lentamente caroneando.


Pois não é que agora no You Tube pode-se conhecer e muito da vida e
obra de Garcia Lorca? Porisso passei a tarde coletando, pesquisando e
saboreando os vários links dos vídeos que, a seguir, tenho a alegria

de indicar-lhes. Inicialmente, como introdução , ou degustação, alguns versos:

As seis cordas

Federico Garcia Lorca


A guitarra
faz solu�ar os sonhos.
O solu�o das almas
perdidas
foge por sua boca
redonda.
E, assim como a tar�ntula,
tece uma grande estrela
para ca�ar suspiros
que b�iam no seu negro
abismo de madeira.

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